Harab's Esfirraria

Saudade das esfihas brasileiras? A Harab’s trás para você em Portugal

Há um quitute “brasileiro” bastante improvável a conquistar Lisboa: as esfihas. Apesar de ser sírio-libanês, o prato está ganhando espaço na capital de Portugal por conta da comunidade brasileira, que, atualmente, é formada por mais de 210 mil imigrantes. Para essas pessoas, as massas redondas com recheio representam, do outro lado do oceano Atlântico, uma boa oportunidade de negócio e um pedacinho de terra-natal para os brasileiros.

Foi este o raciocínio de Adriano Santos, 37 anos, de Birigui (SP). Há seis anos em Portugal, o empresário trabalhou em restaurantes até a pandemia, quando saiu do emprego. Ele sempre quis abrir o próprio negócio no país e, acompanhando comunidades de brasileiros no Facebook, percebeu que havia uma demanda por esfihas.

“Sempre havia pessoas perguntando onde comer, onde pedir”. Assim, em casa durante o confinamento, ele e a esposa testaram várias receitas do prato até chegar na que, atualmente, vende no Harab’s, restaurante que abriu em outubro de 2020.

A esfiha é, de acordo com o jornalista Diogo Bercito, autor do livro “Brimos: Imigração sírio-libanesa no Brasil e seu caminho até a política”, um dos pratos típicos do Levante, região no leste do Mediterrâneo que hoje engloba a Síria e o Líbano. “Uma das esfihas mais celebradas é a de Baalbek, na fronteira da Síria. Grandona, cheia de carne, para comer espremendo limão em cima”, fala o especialista.

O quitute foi levado para o Brasil pelos imigrantes sírio-libaneses na virada do século 19 para o 20. “É difícil dizer exatamente quando ou quem foi o primeiro a introduzir a iguaria. Há uma história de que um professor começou a vender esfihas nos botecos da rua 25 de Março nos anos 1940, por exemplo, mas eu não duvido que o prato já circulasse muito antes disso no país”, explica.

Por terem essa ligação tão íntima com a esfiha, Adriano percebeu que era uma boa oportunidade de negócio, mesmo que ficasse focado apenas na comunidade brasileira. Deu certo. Hoje, o Harab’s tem 11 lojas espalhadas por Portugal e deve abrir mais seis ainda este ano.

Não é que Lisboa não tenha comida “árabe”. A cidade tem diversos estabelecimentos que oferecem falafel e shawarma, pratos também da região do Oriente Médio. É que estas iguarias não estão na nossa memória como a comida árabe que conhecemos.

Diogo Bercito diz que os imigrantes sírio-libaneses foram bem-sucedidos em “vender” suas diferenças culturais durante a formação social de cidades como São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). “Capitalizaram o interesse do restante da população e criaram essa cozinha que a gente chama de ‘árabe’, mas que, na verdade, é uma seleção específica de pratos do que são hoje a Síria e o Líbano”, diz o jornalista.

A praticidade foi o fator decisivo para que o coração dos brasileiros fosse conquistado. Ela pode ser consumida no parque, na praia e no transporte público. “É fácil de preparar e para comer com a mão, encostado no balcão de um bar”, diz Diogo Bercito. O preço também é algo atrativo, assim como a possibilidade de escolher diversos sabores e partilhá-los sem problemas com a família ou grupo de amigos.

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